Empresas varejistas dizem que classes D e E não compram se não puderem parcelar
Uma grande parte das famílias brasileiras de baixa renda só conseguem adquirir produtos de maior qualidade através do parcelamento sem juros no cartão de crédito. Todavia, elas também utilizam da ferramenta em situações de emergência. Por essa razão, várias associações e empresas varejistas defendem a modalidade.
Entre as entidades que defendem o uso de cartão de crédito pelas famílias mais pobres do país, podemos destacar a Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco) e a Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL). Empresas varejistas também apostam na sua continuação.
Dessa maneira, a importância do pagamento parcelado sem juros deve ser mencionada. Em atividades como vendas para o setor de construção, os valores negociados costumam ser bastante altos. Sendo assim, as pessoas optam por um parcelamento, para terem condições de comprar os itens necessários.
De acordo com o presidente da Anamaco, Geraldo Defalco, o fim da modalidade de pagamento parcelado sem juros com o cartão de crédito, significa uma perda de 50% nas vendas das empresas varejistas de materiais de construção. Aliás, compras a prazo possibilitam ao cidadão adquirir produtos um pouco mais caros.
Empresas varejistas
Como as compras a prazo sem juros trazem grandes benefícios ao consumidor de baixa renda, o parcelamento acabou se tornando um costume do brasileiro. De fato, é essa a maneira que a população encontrou uma saída para a falta de dinheiro. Através dessa modalidade de pagamento, elas puderam conquistar alguns sonhos.
Segundo Geraldo Defalco, “Se estoura um cano em casa, as pessoas das classes D e E não têm dinheiro disponível. Então, se ela não parcelar, ela não compra. E é o tipo de gasto que não dá para adiar”. Com o fim da modalidade de pagamento, as pequenas e médias empresas varejistas seriam as mais prejudicadas.
Ademais, uma pesquisa do Sebrae apontou que 4 em cada 10 pequenas empresas varejistas, utilizam o cartão de crédito como forma de financiamento. Vale ressaltar ainda, que alguns especialistas em economia dizem que se fosse possível apenas o parcelamento com juros, a inadimplência aumentaria no país exponencialmente.
Isso se deve ao fato de que o cidadão brasileiro, teria uma maior dificuldade de quitar seus débitos em atraso. Consequentemente, a pessoa poderia cair no rotativo do cartão de crédito. De acordo com um levantamento do Instituto Locomotiva, 80% da população acredita que ficariam mais endividados com o parcelamento com juros.
Consumidores de baixa renda
A pesquisa também apontou que cerca de 63% dos consumidores de baixa renda têm medo de passar por alguma dificuldade, devido a um cenário onde não poderiam pagar parcelado sem juros. Eles citam a aquisição de itens importantes em empresas varejistas, como alimentação, remédios e materiais de higiene.
Em síntese, nesta situação, as empresas varejistas passariam a correr mais riscos. Estas companhias seriam obrigadas a financiar seus clientes elas mesmas, principalmente em setores onde há compras de produtos de maior valor. Segundo o presidente da Anamaco, elas não têm muita experiência em análise de crédito.
O presidente da CNDL, José César da Costa, afirma que, “O parcelamento é muito usado em produtos de maior valor, porque faz com que as parcelas caibam no orçamento. Sem isso existe a possibilidade de uma redução nas vendas de forma expressiva”. Deve-se observar que atualmente, milhões de consumidores possuem compras parceladas.
Segundo um levantamento da CNDL, 51% das pessoas entrevistadas afirmaram que possuíam prestações de compras efetuadas com um cartão de crédito, ou ainda, com cartão de lojas, crediário ou cheque pré-datado, para quitar. A estimativa é a de que 71 milhões de cidadãos possuem contas parceladas.
Pesquisa da CNDL
Na pesquisa realizada pela CNDL, as pessoas entrevistadas possuíam, em média, 5,6 parcelas de compras no crédito. Deve-se observar que a modalidade preferida dos consumidores brasileiros, para realizar suas compras, foi pelo cartão de crédito. Depois, os cidadãos que participaram do estudo utilizaram o PIX parcelado, com cerca de 9%.
Em conclusão, em relação às empresas varejistas que foram citadas no levantamento do CNDL, e os setores que mais usam o parcelamento no cartão de crédito, as compras de roupas e acessórios ficaram com 41%. Enfim, a pesquisa entrevistou 667 pessoas no total e possui uma margem de erro de 3,8 pontos percentuais.